D O N A C I D A
Quatro horas da matina,
Pé esquerdo na sina,
Dona Cida se levanta
Para que seu pão garanta.
No fogão já está o feijão
E de arroz um panelão,
A mistura é bem pobre,
Mas assim a fome encobre.
Pega cedo no batente,
Seu salário é urgente,
Quando pensa que ganhou,
Só paga o que já gastou.
O marido, faz tempo, sumiu,
Foi . . . foi embora, partiu;
Cinco filhos de pé no chão
E mais um no barrigão.
Seis bacuris sempre com fome,
Exigem empenho sem nome,
Dona Cida vai à luta
Usando força bruta.
Deixa os filhos numa creche,
Pela qual, reza, nunca feche
E ainda reza pela cesta
P’ra que dure até . . . até sexta.
Lava, passa, varre, limpa,
Deixa a casa supimpa
E também cozinha algum prato
P’r’o patrão comer, à jato.
Cinco a seis casas por semana,
Correria desumana.
Dona Cida aguenta a barra
E mostra toda a sua garra.
Na igreja nem vai mais
E nem sabe quanto tempo faz ;
Ora só: me ajude meu PAI, amem
E a meus filhos também.
No domingo não descansa,
Lava as roupas das crianças,
Arruma a casa, com afinco,
Que fica linda como um brinco
E só fica satisfeita
Quando as coisas estão bem feitas;
Então senta-se no sofá,
P’ra ver na TV, o que é que há
CPN,24/09/2004 E num minuto já cochila.
À meia-noite, acorda e estrila.
MARCOS RS RAMASCO Vai p’ra cama e segue a vida,
E na 2ª, a rotina é repetida.
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