sábado, 13 de agosto de 2011

PAPEL


P A P E L
(do livro : TRIST’ANJO)


Vinha, lá, u’a senhora e mui bela,
Contragosto consigo trazia,
Seguro pelas duas mãos dela,
Um papel com o qual tudo fazia.


Malgrado todo encanto fosse pouco,
Pudera o desacato receber,
Com espanto o desencanto de um louco,
Designado a desafeto em viver.


Amassado o papel tido indigno,
Despojado, despejado tal um bicho,
Ofendendo testemunho fidedigno,
Considerado foi, apenas como lixo.


Salve! À mão que daí o levantara;
Quiçá, vida nova viria,
Reacendendo o amor que apagara
Nas entranhas do coração qu’inda vivia.


Pur’ilusão brilhante a confundir;
A mesma mão que do abismo resgatou
O desconcertado coração para iludir,
Pegou o papel, o amassou e novamente jogou!







CPN,28/05/1985    MARCOS RS RAMASCO.



                                      

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